Polícia

Abandono de cães no bairro Bela Vista revolta moradores

Caso expõe aumento do abandono de animais na cidade; canil municipal enfrenta superlotação e campanhas de castração e adoção buscam aliviar a pressão sobre o CPA

O abandono de animais domésticos voltou a ganhar força em Itapeva e expõe uma realidade preocupante: a superlotação do canil municipal e a dificuldade crescente de lidar com a onda de cães e gatos deixados à própria sorte. O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) já encaminhou uma recomendação ao Ministério Público pedindo que os critérios de recolhimento sejam revistos. Desde então, todo o procedimento de recolha precisa passar pela equipe de veterinários do Centro de Proteção Animal (CPA).

O cenário, contudo, é de emergência. Sem espaço suficiente, muitas vezes os profissionais orientam que os animais permaneçam em lares temporários até que uma adoção definitiva seja possível. A situação foi ilustrada de forma contundente no último fim de semana, quando vizinhos denunciaram que uma família do bairro Bela Vista, ao se mudar da cidade, simplesmente deixou uma cadela e três filhotes na rua.

Ao perceber os quatro animais desamparados, uma jovem decidiu agir. “Quando vi a situação não tinha como deixá-los ali, levei para casa, dei ração, água e coberta. Os quatro estavam desesperados para tomar água, quando começaram, não paravam mais”, relatou.

Apesar da solidariedade, ela enfrenta limites. “Infelizmente não posso ficar com eles, pois moro em casa alugada e já tenho um pet aqui. No meu contrato é específico não ter mais que um cachorro. Por esse motivo estou agora procurando um lar para eles. Quem quiser adotá-los é só me avisar. Já estou providenciando vacina para eles, já irão vacinados”, explicou.

Casos como esse se repetem diariamente em Itapeva, e o canil municipal, que já funciona no limite, não consegue mais absorver a demanda. Segundo fontes ligadas ao setor, as veterinárias responsáveis têm se desdobrado entre o recolhimento emergencial, o cuidado dos animais já abrigados e a busca por parcerias com organizações independentes.

O Ministério Público deve analisar a recomendação do CRMV sobre o protocolo de recolhimento. Na prática, isso significa que nem todo animal encontrado nas ruas poderá ser levado imediatamente ao canil — apenas aqueles avaliados pela equipe técnica. A medida, embora impopular entre parte da população, é vista como necessária para evitar um colapso completo da estrutura.

Enquanto isso, campanhas de castração, imunização e adoção vêm sendo realizadas com o objetivo de reduzir a reprodução descontrolada, proteger os animais contra doenças e aumentar as chances de encontrar novos lares para cães e gatos abandonados. Essas ações, promovidas em parceria entre o poder público e entidades independentes, têm se mostrado fundamentais para aliviar a pressão sobre o CPA e melhorar a qualidade de vida dos animais.

O episódio da cadela e seus filhotes abandonados no Bela Vista ilustra um quadro mais amplo: famílias que, diante de dificuldades econômicas, mudanças de endereço ou simples negligência, descartam os animais como se fossem objetos. O resultado é uma explosão de casos que sobrecarregam serviços já precários e expõem a fragilidade das políticas públicas voltadas à proteção animal.

No curto prazo, a esperança é que o MP defina parâmetros mais claros de atuação para o CPA e que a sociedade se engaje na adoção responsável. No médio e longo prazo, especialistas defendem investimentos permanentes em castração em massa, campanhas educativas e parcerias sólidas com entidades civis.

Enquanto isso, os quatro cães resgatados no fim de semana seguem à espera de um novo lar — símbolo de uma cidade que precisa, urgentemente, repensar sua relação com os animais.

Para adoção responsável, entrar em contato: (15) 99832-8105 - Beatriz


 

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