Editorial

Vereadores de Itapeva agem na surdina para aprovar abono de férias e 13º salário

Desde quando vereador é trabalhador? Parem e reflitam sobre isso por um instante... 

Como vem sendo a cada legislatura, os vereadores Câmara Municipal de Itapeva têm sido questionados pela população pela sua fatídica mania de grandeza e síndrome de transformar causas da população em palanque eleitoreiro e sensacionlismo politiqueiro demagogo.  

O principal motivo do questionamento da população mais atenta às manobras da Câmara Municipal é a tramitação do projeto de lei 88/2023, que institui o pagamento de abono de férias e 13º salário para a nobre edilidade itapevense.

Nenhum vereador veio à público justificar ou muito menos se opor a esta lei, porque todos eles concordaram entres eles na surdina a concederem para eles próprios o direito de férias e ao 13º salário, com base em decisão do STF.  Em Itapeva, o projeto é da Mesa Diretora, que assinou para que o referido projeto entrasse em votação com anuência de toda edilidade.

A notícia gerou reclamações, principalmente porque a Câmara Municipal de Itapeva se tornou com o passar da sua existência em uma central de autopromoção de políticos enviesados e ensimesmados, que usam as estruturas dos serviços públicos do município para prestar favores para clientela eleitoral e indicar apaniguados políticos na prefeitura, como é praxe da política coronelista provinciana brasileira.

Conceder a esse modelo de representante político os mesmos direitos de trabalhadores que trabalham com jornadas de trabalho extenuantes e ainda por pagam impostos para sustentar serviços públicos municipais defasados é no mínimo ultrajante.

O ultraje é maior pelo fato que muitos ocupantes do cargo de vereador em Itapeva não possuem sequer condições de instrução e educação formal satisfatórias para legislar e operarem como agentes de fiscalização do Poder Público. Até mesmo os edis com diploma de ensino superior erram desgraçadamente em conduzir assuntos legislativos, inventam lorotas  como o município deve ser governado e desconhecem sobre assuntos triviais de gestão pública.

Em pleno século XXI, com uma renda anual por habitante inferior à R$ 4000,00 na média, os vereadores no mais sepulcral silêncio estão tramitando o projeto de auto concessão de abono de férias e 13º salário, que para dizer o mínimo é imoral, embora possa ser legal, porém afronta diretamente contra os bolsos dos pagadores de tributos municipais e trabalhadores em geral em uma cidade onde o gasto ineficiente do Poder Executivo e salários de cargos indicados sempre é tema recorrente no discurso dos próprios vereadores.

Enquanto moradores de Itapeva permanece com os pés na mais abjeta miséria e condições de baixa renda em situação de desemprego prolongado, tendo que sobreviver por meio de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal, os vereadores acreditando serem trabalhadores incansáveis dão a si mesmos os direitos que são originalmente de trabalhadores com carteira assinada, os quais trabalham no mínimo jornadas de 44 horas semanais, podendo ser demitidos a qualquer tempo caso não produzam em seus empregos.

Se os vereadores querem se equiparar ao mesmo nível de qualquer trabalhador deveriam também estarem sujeitos à demissão por justa causa a qualquer momento de seus mandatos, pois muitos vereadores apenas usam a política como meio de vida, transformando mandatos sucessivos em uma fonte de renda, ao ponto de influenciarem a administração de negócios e contratos relacionados aos serviços públicos que tanto criticam como sendo um demônio a ser exorcizado dentro da prefeitura.

Em Itapeva os nossos cidadãos somente os muito desinformados aceitam tal situação sem se indagar sobre suas causas. Até poucas décadas atrás, os vereadores não recebiam nada além da ajuda de custos. Na época, e isso remonta a há mais de meio século atrás, os vereadores eram na grande maioria pessoas letradas, membros da elite municipal, pessoas que foram grandes destaques em suas trajetórias como profissionais, com capacidade de compreenderem a gravidade da mazelas sociais do município e agirem para minimizar esses problemas.

Exemplo desse modelo extinto de político e vereador é do saudoso Doutor Ulysses, que foi por décadas médico reconhecido pelo seu trabalho junto da população. 

O ilustre vereador e deputado de Itapeva foi não político de carreira propriamente dito, foi um servidor do município em todos mandatos que exerceu com extrema consciência e dedicação sobre o que fazia no meio politico, prezando principalmente pelo decoro e educação de suas atitudes como homem público. Isso é ter vocação para política por se tratar de devoção a determinadas causas sem usar mandatos para vantagens pessoais. 

Hoje em dia chega ser vergonhoso até mesmo o linguajar que os vereadores usam nas sessões e como se comportam em relação a assuntos delicados de interesse público proferindo comentários e opiniões descabidas relacionados aos temas que debatem, enaltecendo apenas a própria ignorância, a desinformação alheia e quem tira proveito dela. 

Qualquer assunto ou problema da população se transformou em motivo de panaceia para os vereadores, que adotaram as redes sociais e tribuna como palanque para expor suas personalidades viciadas em egocentrismo e desfaçatez retórica.

E, convenhamos, como não reconhecer que estamos mergulhados em uma política oportunista e malcriada, produzida por pessoas de baixa capacidade de reflexão, decoro e sem nenhum entendimento abalizado sobre as dificuldades sociais, econômicas e humanas que as pessoas mais vulneráveis de Itapeva vivem? 

Os vereadores ao invés de construírem soluções para os problemas das pessoas que vivem sobrecarregadas de dificuldades com problemas de saúde, falta de moradia, desemprego e sem acesso à melhores oportunidades de tratamentos médicos e empregos, à educação e moradia, preferem usar cada um desses assuntos como mote de críticas ficando de braços cruzados, lançando o fardo sobre outros, mas com as línguas latejando críticas infundadas sobre tais assuntos apesar da própria inricia. 

Cada vereador prefere encarar os problemas do município como problemas que devem ser resolvidos exclusivamente pelo Poder Executivo, usando narrativas para descrever os problemas da população sempre com linguagem de discórdia, adotando as estratégias de demagogia e divisão para prosperarem em audiência nas redes sociais e embates políticos. 

Justamente esse tipo de vereador operante no árduo trabalho de gastar saliva e baterias de celulares para produzir vídeos com críticas é o que clama mais avidamente por abono de férias e 13º salário. 

Diante disso, é aceitável que qualquer vereador, ou melhor dizendo, que a categoria de vereadores aja como entidade sindical fechando questão sobre aumentar seus próprios benefícios e subsídios remuneratórios?

Se a resposta for sim, convém aprovar a demissão por justa causa de cada vereador ao menor deslize no seu "emprego". Se querem ser tratados com os mesmos direitos de trabalhadores com carteira assinada, que tenham as mesmas obrigações, deveres e penalidades. 

Do contrário, logo os vereadores irão pedir FGTM, ou seja, Fundo de Garantia por Tempo de Mandato.

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