Política

DIRETO DA CÂMARA BOM SUCESSO DE ITARARÉ - Vereadores confrontam projeto de mudança de cargos e denunciam precariedade na saúde

Com tribuna movimentada, sessão da Câmara destaca posse de novo vereador, denúncias de precariedade nos serviços de saúde e pressão popular contra proposta que altera nomenclaturas de cargos comissionados

A 11ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal, realizada nesta segunda-feira, 4 de agosto, foi marcada por discursos acalorados, denúncias sobre falhas na gestão da saúde pública, manifestações de luto e duras críticas a um projeto que visa alterar cargos de coordenadores para secretários, interpretado por vereadores como uma manobra para blindar aliados do Executivo.

O ponto alto da noite foi a posse do vereador Michael França Santos, primeiro suplente do PSD, que assumiu o lugar do saudoso vereador Paulo Rivani, falecido recentemente. Em seu pronunciamento de estreia, Michael foi direto: “Nossa visão de trabalho não será ajudar o lado A ou lado B. Será em prol de toda a população de Bom Sucesso”. A fala foi reforçada por compromissos com a transparência e o fim das divisões partidárias na Casa.

A vereadora Cristina Souza usou seu tempo na tribuna para dar sequência ao tom crítico. Rebatendo promessas de campanha da atual gestão, ela relatou o caos na saúde do município: “Meu telefone está travando de tanto áudio e mensagem de gente pedindo ajuda. Está faltando remédio, e estão negando até carro pra visita de parente doente”. Cristina ainda revelou que foi convidada a retornar à administração, mas sob “troca de favores”, o que recusou: “Aqui tem caráter. Quero honrar os 92 votos que recebi”.

Na mesma linha, o vereador José Reinaldo teceu críticas contundentes ao que chamou de “cortes onde não se pode cortar”. Segundo ele, gari, profissionais da saúde e servidores de risco estariam sem receber insalubridade e hora extra. O vereador ainda condenou a negativa da prefeitura em conceder transporte a estudantes e familiares de presos: “Se o município não tem R$ 200 para dar cesta básica, então fecha as portas e joga a toalha”.

Outro discurso que repercutiu foi o do vereador Hugo, que denunciou o projeto que altera cargos de coordenadores para secretários como uma forma velada de burlar regras sobre formação profissional e nepotismo: “Estão tentando encontrar brechas para segurar cargos. A população confiou em nós, e nós temos que fiscalizar. Eu fui eleito para ser oposição, não cúmplice”.

O estopim foi a fala do vereador Pachequinho, filho do prefeito e um dos mais aguerridos defensores da gestão, que subiu à tribuna para fazer a defesa do polêmico projeto de lei que muda a nomenclatura de “coordenador” para “secretário” em diversos cargos comissionados, porém após puxar a “capivara” dos vereadores contra o projeto, Pachequinho não passou o que de fato o projeto trará de beneficio a população. Quando o vereador Hugo o questionou e pediu para que ele usá-se o seu tempo de explicação pessoal para apresentar tais benefícios, o mesmo se calou.

A vereadora Luíse tentou amenizar o clima com uma notícia positiva: anunciou emenda parlamentar de R$ 400 mil do deputado federal Vitor Lippi (PSDB) para aquisição de equipamentos para as unidades básicas de saúde. “Provavelmente será usada na nova UBS, mas poderá também equipar outras unidades”, disse.

Por fim, o vereador Nerceli, autor da indicação para a construção de um novo morgue municipal, fez um apelo emocionado. Relatou casos de velórios realizados em meio a festas na praça central e pediu respeito às famílias enlutadas. “É desumano velar um ente querido ao som de música alta. O espaço atual é alugado e inadequado. Precisamos construir um morgue ao lado do cemitério”.

Ao encerrar os trabalhos, a presidência reiterou a importância da participação popular e anunciou que os projetos lidos serão encaminhados às comissões para análise. A expectativa é de que, na próxima sessão, o projeto de mudança de nomenclatura dos cargos seja colocado em votação — e, pelos discursos desta noite, promete levantar ainda mais debates acalorados.

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