Polícia

Dignidade, Segurança e Cidadania: Capitão Maciel fala sobre o papel das instituições frente à população em situação de rua

Em meio ao agravamento das desigualdades sociais e ao crescimento da população em situação de rua em diversas regiões do Brasil, o debate sobre políticas públicas, dignidade humana e o papel das forças de segurança voltou com força ao centro das discussões. 

Para compreender melhor a atuação da Polícia Militar diante desse cenário, o Jornal No Alvo conversou com o Capitão PM Vilmar Duarte Maciel, oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo, mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo Centro de Altos Estudos de Segurança (CAES), e atual chefe da Seção de Polícia Militar Judiciária e Disciplinar do 54º BPM/I, em Itapeva (SP).

Com ampla experiência na gestão da segurança pública e autor de diversos artigos científicos na área, o Capitão Maciel compartilha nesta entrevista uma visão técnica, sensível e institucional sobre a complexa realidade vivida por pessoas em situação de rua. Ele aborda a importância do respeito aos direitos humanos, a necessidade de parcerias entre Estado e sociedade civil, os limites e avanços da atuação policial, além de propor caminhos para fortalecer ações integradas e políticas públicas humanizadas.

Acompanhe a entrevista completa:

No Alvo: Capitão Maciel, obrigado por conversar conosco. Recentemente, o debate sobre a dignidade humana e os direitos dos moradores em situação de rua ganhou destaque. Como o senhor analisa essa questão?

Capitão Maciel: Agradeço pela oportunidade de discutir um tema tão importante. A dignidade da pessoa humana é um princípio fundamental, e reconhecemos que as pessoas em situação de rua vivem uma realidade extremamente desafiadora. Nossa atuação deve ser pautada pelo respeito aos direitos humanos, buscando sempre proteger e garantir a dignidade dessas pessoas.

No Alvo: O que as Instituições devem fazer para apoiar os moradores em situação de rua e evitar violações de direitos?

Capitão Maciel: Temos que programar ações que visam não apenas a preservação da ordem pública, mas também a assistência social. Trabalhar em parceria com instituições que oferecem serviços de acolhimento, saúde e reabilitação. O objetivo é criar um ambiente onde essas pessoas possam encontrar apoio e alternativas para melhorar suas condições de vida.

No Alvo: Muitos críticos afirmam que a abordagem da Polícia Militar muitas vezes resulta em ações coercitivas e violadoras dos direitos humanos. Como o senhor responde a essas críticas?

Capitão Maciel: É verdade que há críticas e preocupações legítimas sobre como as operações são conduzidas. Estamos constantemente buscando formas de aprimorar nossa abordagem. A formação contínua dos nossos policiais é crucial para garantir que eles atuem com empatia e respeito. Nosso foco é sempre buscar soluções pacíficas e humanizadas.

No Alvo: O senhor acredita que há espaço para melhorias na política pública voltada para essa população?

Capitão Maciel: Sem dúvida. É fundamental que haja uma integração maior entre os diversos órgãos governamentais e sociedade civil para desenvolver políticas eficazes. Precisamos trabalhar juntos para criar soluções sustentáveis que garantam moradia, saúde e assistência aos moradores em situação de rua.

No Alvo: Como a sociedade pode ajudar nessa questão? Existe algum papel que cidadãos comuns podem desempenhar?

Capitão Maciel: A sociedade tem um papel crucial. Podemos começar por promover o respeito e a empatia em relação aos moradores em situação de rua. Além disso, é importante apoiar iniciativas locais que busquem ajudar essa população, seja através de doações, voluntariado ou mesmo participando de campanhas de conscientização. Cada pequeno gesto conta e pode fazer uma grande diferença na vida dessas pessoas.

No Alvo: A colaboração entre as instituições públicas e organizações não governamentais pode ser uma estratégia eficaz?

Capitão Maciel: Sim, parcerias são fundamentais. Temos trabalhos de ONGs que atuam diretamente com a população em situação de rua, oferecendo serviços de saúde, alimentação e apoio psicológico. Essas parcerias ajudam a entender melhor as necessidades dessa população e a desenvolver ações mais efetivas.

No Alvo: E qual mensagem o senhor gostaria de deixar para a sociedade em relação a esse tema?

Capitão Maciel: Quero enfatizar que todos nós temos um papel na construção de uma sociedade mais justa e solidária. Devemos olhar para os moradores em situação de rua como seres humanos dignos, com histórias e desafios próprios. É essencial promover o diálogo e buscar soluções coletivas para garantir seus direitos. Devemos sempre nos lembrar de que atrás de cada pessoa em situação de rua existe uma história única e uma vida cheia de desafios. Precisamos olhar para elas com compaixão e respeito. Juntos, podemos trabalhar para criar uma sociedade mais inclusiva e solidária, onde todos tenham dignidade e oportunidades iguais.

Deixe um comentário