Câmara de Itapeva rejeita empréstimo de R$ 30 milhões proposto por Adriana Duch com 13 votos contrários e apenas um favorável
Na sessão mais aguardada do ano, que ocorre nesta
segunda-feira, 26 de maio de 2025, a Câmara Municipal de Itapeva rejeitou, por ampla maioria, o Projeto de Lei nº 71/2025, que previa
autorização para o Executivo contrair um empréstimo de R$ 30 milhões junto à
Caixa Econômica Federal, por meio do programa FINISA. Até o momento, a proposta
da prefeita Adriana Duch Machado soma 13 votos contrários e apenas um
favorável. O presidente da Casa, vereador Marinho Nishiyama (Novo), não vota,
conforme estabelece o regimento interno.
A iniciativa previa a aquisição de patróis, tratores, caminhões e outros
equipamentos para renovação da frota municipal, além de obras de recapeamento.
No entanto, os vereadores consideraram a proposta tecnicamente frágil,
financeiramente arriscada e politicamente descolada das reais necessidades da
cidade, que enfrenta uma grave crise na saúde pública e está em débito com a
Santa Casa.
Mesmo com a presença ostensiva da comitiva da prefeita — incluindo os
secretários de Saúde, Meio Ambiente, Finanças, o vice-prefeito e o procurador
jurídico — a tentativa de articulação não surtiu efeito. O clima de
insatisfação entre os parlamentares foi visível desde o início da sessão.
Durante os pronunciamentos, vários vereadores criticaram a ausência de um plano
financeiro detalhado, a taxa de juros da operação e a falta de contrapartidas
que garantissem a sustentabilidade da dívida, estimada em mais de R$ 400 mil
mensais.
“Não dá para aprovar um empréstimo desse tamanho enquanto nossa Santa Casa está sem repasse e a população espera horas por atendimento. Isso não é investimento, é endividamento sem responsabilidade”, afirmou Marcelo Poli (PL).
Outro ponto duramente criticado foi a inversão de prioridades da atual
gestão. O vereador Paulo Roberto Tarzan (PP) foi incisivo ao sugerir uma
reavaliação da Tarifa Zero, programa que consome R$ 25 milhões anuais dos
cofres públicos. “É hora de rever tudo. Temos que cortar onde dói menos para
garantir o básico: saúde, ambulância, médico e medicamento. Tarifa Zero é
importante, mas não pode passar por cima do essencial”, declarou.
Apenas um vereador manifestou apoio à proposta: Wilson Margarido (PP). Em sua fala, argumentou que a aquisição de maquinário
próprio reduziria custos com locações e traria ganhos operacionais à longo
prazo. Mas sua posição foi isolada e rebatida por colegas que apontaram falta
de garantias mínimas e ausência de transparência no detalhamento do projeto.
A derrota imposta à prefeita Adriana Duch foi acachapante. Apesar do
discurso de modernização da frota e melhorias na infraestrutura, os
parlamentares mostraram-se céticos diante da fragilidade administrativa da
atual gestão. A proposta sequer apresentou um cronograma claro de aplicação dos
recursos, tampouco especificações técnicas dos equipamentos a serem adquiridos.
Confira como votaram os vereadores:
Votos contrários ao projeto (13):
- Júlio Ataíde (PL)
- Paulo Roberto Tarzan
(PP)
- Ronaldo Coquinho (PL)
- Júnior Guari
(Republicanos)
- Gleyce Dornelas (Novo)
- Thiago Leitão (PL)
- Robson Leite (União
Brasil)
- Roberto Comeron (PP)
- Vanderlei Pacheco
(Avante)
- Áurea Rosa (PP)
- Dr. Marcelo Poli (PL)
- Lucinha Woolck do
Aquiles (MDB)
- Val Santos (PP)
Voto favorável:
- Wilson Margarido (PP).
Presidência (não vota):
- Marinho Nishiyama (Novo)
A sessão encerrou-se com clima de alívio entre os opositores ao projeto e
manifestações favoráveis da população presente. Com a rejeição, a Prefeitura
terá de buscar alternativas sem recorrer a endividamentos de grande porte. O
recado do Legislativo foi claro: antes de pedir empréstimos milionários, é
preciso fazer o dever de casa — cortar gastos supérfluos, priorizar saúde e
reorganizar a máquina pública.
Deixe um comentário