Câmara de Itapeva se une em defesa do piso salarial da enfermagem
Parlamentares cobram mais eficácia na saúde, limpeza
pública e sincronização entre secretarias
Na noite desta quinta-feira, 27 de fevereiro, a Câmara
Municipal de Itapeva realizou uma sessão ordinária marcada por cobranças
incisivas a respeito da falta de coordenação nas ações do Executivo. Com a
leitura das atas dispensada e sem a participação prevista do público na Tribuna
— adiada por motivos operacionais —, os vereadores se revezaram na tribuna,
apontando problemas e propondo soluções.
O tema de maior repercussão foi a deficiência na frota de
ambulâncias, supostamente paradas em oficina por falta de pagamento. A denúncia
caiu como uma bomba ao revelar que pacientes teriam ficado sem atendimento de
urgência. Parlamentares lembraram que essa situação já se arrasta desde a
gestão anterior, mas se agrava quando o atual governo não consegue agilizar
recursos nem priorizar serviços básicos.
No plenário, o vereador Ronaldo Coquinho criticou a
administração de Itapeva, apontando a falta de iniciativa para resolver os
problemas enfrentados pelos servidores públicos. Conforme destacou, a
prefeitura se limita a justificar a inércia pela falta de recursos, quando, na
prática, há repasses federais, estaduais e municipais à disposição. Para
Coquinho, o que se nota é a ausência de uma gestão eficaz, capaz de valorizar
os trabalhadores, que frequentemente precisam recorrer à Justiça para assegurar
direitos mínimos. Ele ressaltou, ainda, a importância de uma união sólida entre
os vereadores para evitar que o município fique paralisado.
A sessão também recebeu enfermeiros técnicos, que
reivindicaram a implantação do piso salarial, além de melhores condições de
trabalho e reconhecimento profissional, dadas as constantes sobrecargas. Em
resposta, Coquinho e o vereador Dr. Marcelo Poli renovaram seu apoio à
categoria, lembrando que, desde a aprovação do piso em 2022, existem entraves
judiciais que barraram sua efetividade. Para pressionar o andamento da PEC-19 —
que fixa o piso e a jornada de 30 horas semanais — Coquinho protocolou a Moção
de Apelo nº 7/2025, enviada à Câmara dos Deputados. Ambos os parlamentares
também anunciaram a realização de uma audiência pública com técnicos do COREN e
um especialista jurídico, a fim de aumentar a visibilidade do tema e assegurar
que esses profissionais conquistem de fato seus direitos.
Outro foco de queixas foi o mutirão de limpeza urbana que
falhou em recolher entulhos na data prometida, gerando frustração em diversos
bairros. Sofás e colchões ficaram largados nas calçadas, agravando o risco de
proliferação do Aedes aegypti. Para os vereadores Áurea e Júlio Ataide, a falta
de comunicação entre secretarias e a carência de veículos ou pessoal para
efetuar a coleta refletem problemas de planejamento. Ambos observaram que a
população seguiu as instruções da prefeitura ao pôr materiais fora de uso na
rua, mas não teve respaldo para o recolhimento, o que eleva a insatisfação
popular.
Aperta o prazo para a inscrição de Itapeva em programas
federais, como o PAC e o PRONER, que podem trazer verbas a áreas como
infraestrutura, saúde e estradas rurais. Marinho e Roberto Comeron cobraram
mais agilidade do Executivo, lembrando que a nomeação de um secretário de
planejamento seria essencial para não perder prazos e garantir convênios
importantes. Segundo eles, a prefeitura não pode repetir o erro de deixar tudo
para a última hora ou depender apenas de improvisos.
No geral, os vereadores convergiram na necessidade de o
governo municipal atuar em harmonia, convertendo promessas em ações efetivas.
Comissões de inquérito já investigam contratações suspeitas e restos a pagar,
enquanto o Executivo alega ter herdado déficits da gestão anterior. Ainda
assim, o Legislativo alerta que a população espera resultados imediatos,
principalmente na saúde, coleta de lixo e limpeza de vias.
A sessão encerrou com um aviso claro: ou a prefeita e
secretários apresentam serviços básicos em pleno funcionamento — liberando
ambulâncias e coletando entulhos dentro do prazo — ou a pressão popular se
intensificará. O “Direto da Câmara” deixa a expectativa de que, nos próximos
dias, a teoria no papel se torne prática, pois os moradores clamam por uma
administração que apresente soluções em vez de justificativas.
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