Paciente de 16 anos que esteve na UTI com dengue hemorrágica desmente boletim oficial da Prefeitura de Itapeva
Boletim da Secretaria de Saúde omitiu internações por
dengue enquanto jovem lutava pela vida na Santa Casa
Na última quinta-feira, 6 de fevereiro, a vereadora Áurea
denunciou, durante uma sessão da Câmara, a existência de dois casos de dengue
hemorrágica internados na Santa Casa de Itapeva. No entanto, um boletim oficial
divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde na página da Prefeitura afirmava
que, no dia 4 de fevereiro, não havia nenhuma internação por dengue no
hospital. A contradição levantou questionamentos sobre a transparência da
administração municipal diante de uma possível epidemia.
O Jornal No Alvo foi atrás da verdade e entrevistou Gabrielle,
uma jovem de 16 anos, moradora do bairro Vila Dom Bosco, que esteve
internada na UTI da Santa Casa com um quadro grave de dengue hemorrágica. Seu
relato expõe as dificuldades enfrentadas pelos pacientes e o descaso na
comunicação oficial sobre a situação da doença na cidade.
Gabrielle contou que os primeiros sintomas surgiram com dor de cabeça e febre alta, mas demorou cerca de quatro dias para procurar atendimento médico. Inicialmente, foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde realizou exames, mas precisou retornar posteriormente à Unidade Básica de Saúde (UBS) para refazer os testes. Foi nesse momento que seu quadro se agravou.
"Quando fui fazer o exame de plaquetas na UBS, acabei
tendo uma complicação e me encaminharam direto para a Santa Casa", relata.
Internada no hospital, a jovem passou dias sob cuidados médicos intensivos e,
segundo ela, chegou a temer o pior. "Fiquei muito preocupada, com medo de
pegar dengue de novo e acabar sendo ainda mais grave", desabafa.
Questionada sobre a qualidade do atendimento hospitalar, Gabrielle reconheceu o esforço da equipe médica, mas ressaltou que no início não sentiu que o hospital estava preparado para lidar com a gravidade da dengue. "No começo, senti que eles não estavam preparados, mas assim que perceberam que era dengue hemorrágica, fizeram de tudo para me ajudar", afirmou.
Além disso, ela apontou demora no atendimento ao
chegar na Santa Casa. "No primeiro momento, não deram tanta importância
para o que eu estava sentindo. Minha mãe precisou insistir para que eu fosse
levada para um quarto e atendida corretamente", disse.
De acordo com os documentos apresentados por Gabrielle, sua internação ocorreu no dia 31 de janeiro e sua alta foi concedida apenas em 5 de fevereiro. No entanto, no dia 4 de fevereiro, enquanto a jovem ainda estava hospitalizada, a Prefeitura de Itapeva divulgou um boletim oficial afirmando que não havia nenhuma internação por dengue na cidade.
Diante desse fato, o questionamento é inevitável: por que
a Secretaria de Saúde omitiu essa informação da população?
Após receber alta, Gabrielle precisou retornar à UBS para acompanhamento médico e exames. Os profissionais de saúde recomendaram que mantenha uma alimentação reforçada e beba bastante água para evitar novas complicações. Agora, totalmente recuperada, ela faz um alerta à população sobre os perigos da dengue.
"A gente acha que é só uma febrezinha, mas quando vê já
pode estar entre a vida e a morte", disse. "É preciso cobrar mais da
Prefeitura sobre a limpeza da cidade e os cuidados contra o mosquito. O que
passei foi horrível e não quero que ninguém mais passe por isso."
A denúncia da vereadora Áurea e o relato de Gabrielle colocam
em xeque a transparência da administração municipal e reforçam a
necessidade de ações efetivas contra a dengue. O Jornal Noal seguirá
acompanhando o caso e cobrando respostas das autoridades.
A dengue não pode ser ignorada. A população tem direito à
verdade.
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