ARESPI ITAPEVA - Análise de fissura em alvenaria estrutural
I. INTRODUÇÃO
O setor construtivo vem passando por um processo evolutivo onde os quesitos de desempenho tem exigido a busca por práticas e métodos sustentáveis visando ampliar a segurança e o conforto das construções habitacionais. Em 2013 entrou em vigor a Norma de Desempenho de edificações habitacionais - ABNT NBR 15575, conduzindo a uma nova formulação de requisitos para o campo da construção civil. De acordo com a ABNT NBR 15575-1:2013, à maneira do desempenho é estabelecida comumente em âmbito internacional planejada sobre critérios quantitativos e qualitativos além de dispositivos de avaliação que garantem a aferição idônea e nítida de sua execução. Segundo SORGATA; MELO; LABERTS, (2013 p.14) a grande demanda por informações acerca da praticabilidade e performance de novas técnicas e produtos, trouxe à tona a necessidade de se analisar o comportamento de tais soluções. E determinado pela ABNT NBR 15575:2013 parâmetros mínimos de apreciação das construções, buscando desta forma resguardar os moradores lhes transmitindo maior segurança, envolvendo os proprietários e dividindo as responsabilidades, torna os envolvidos mais criteriosos, a referida Norma, determina ainda grau de conforto e segurança que os itens a seguir deve proporcionar: estrutura, vedação, piso, instalações e cobertura. Desta forma a metodologia construtiva precisa adaptar-se com os princípios de sustentabilidade, redução do consumo de energia e conforto ambiental, estas exigências impõe a necessidade da realização de um estudo mais aprofundado durante o projeto, bem como a escolha dos materiais a serem empregados a fim de garantir a empregabilidade dos itens mencionados na Norma. Neste sentido, buscou-se realizar uma análise em ocorrências de fissuras em alvenaria estrutural, conforme as normas vigentes e estudos destas patologias em aplicação analógica aos termos da Norma de Desempenho, e dentro desta análise compreender as causas do aparecimento de fissuras no último pavimento tipo em edificações em alvenaria estrutural e eventuais reforços e soluções. Ademais, realizou-se um estudo em empreendimento de uma construtora de grande porte localizada na cidade de Itu, de onde infere-se o respectivo diagnóstico.
II. ALVENARIA ESTRUTURAL
O sistema construtivo em alvenaria estrutural ocorre de um método onde as paredes exercem função vedativa, além de resistência para transferir e suportar as tensões oriundas de seu próprio peso até as fundações. De acordo com Ramalho (2003, p. 10) por se referir a um método construtivo alicerçada na racionalização, se destaca sobre os demais sistemas construtivos, demonstrando sua vantagens como a grande redução no uso de revestimentos, diminuição de gastos com mão-de-obra e materiais, executa uma obra mais flexível em questão de tempo e ritmo, menor necessidade de especialistas e modera o uso de fôrmas. Devido a tantas vantagens além da ampliação de concorrência no setor, aumento de pesquisas que buscam viabilizar novos materiais e a constante necessidade de redução de custos, este sistema tem sido vastamente utilizado no Brasil, (RAMALHO, 2003, p. 6). Entretanto, resultante de erros de projeto, falhas construtivas, ou por mal uso do imóvel no pós-ocupacional, poderão surgir problemas patológicos capazes de comprometer a durabilidade e a segurança da edificação. Grande parte destas patologias que podem acometer nesta etapa gera sintomas visíveis e são de fácil identificação quanto ao motivo causal, propiciando assim a implantação de medidas corretivas. Holanda Jr. (2008, p. 96), aponta que uma das causas mais recorrentes nas alvenarias das falhas de desempenho são as fissuras, tendo em vista que os materiais utilizados em geral se apresentam frágeis e com baixa resistência à tração, como concreto, a argamassa e a cerâmica. Deste modo, o corrente trabalho tem por finalidade analisar fissuras em alvenaria estrutural e seus problemas evidenciados em últimos pavimentos de edificações, pesquisando e apresentando causas mais recorrentes e efeitos, além de demonstrar quais as medidas corretivas se apresentam mais eficazes de acordo com a origem do problema.
A. Fissuras em Alvenaria Estrutural – Causas e Efeitos Conforme Holanda Jr. (2008, p. 96), as falhas mais frequentes de desempenho em alvenaria resultam em fissuras que podem impactar ativamente na durabilidade, na estética e nas propriedades estruturais da construção. Isto se dá tanto em estruturas de concreto quanto em alvenaria, a fissura resulta nos casos onde a capacidade de resistência do material é menor do que a tensão solicitada. Desta forma a fissura manifesta-se de maneira a aliviar tais tensões. Todos os passos do processo construtivo precisam ser executados de forma eficiente e eficaz, onde a precisão faz a diferença para obter uma obra segura e sem riscos, quando uma das correntes deste processo apresenta falhas ou até mesmo em casos em que há problemas em mais de uma fase pode culminar em defeitos que comprometem a durabilidade, a segurança o desempenho futuro da edificação, este processo engloba a fase do projeto, execução e edificação. O projeto na construção civil e a fase de planejamento para concepção da obra. Para Melhado (1994, p.1) o projeto é um serviço integrante, uma atividade do processo de construção ao qual cabe organizar, desenvolver, registrar e transmitir as características tecnológicas e físicas específicas para a construção, que servirão de base para a execução. Falhas nesta etapa podem prejudicar o funcionamento futuro da edificação. Olivari (2003, p. 6) responsabiliza os erros de projeto como os principais responsáveis pelas falhas de desempenho da edificação e os aponta como:
• Omissão em detalhar;
• Imprecisões de dimensionamento;
• Não reputar a implicação térmica;
• Inconformidade do projeto;
• Estimativas imprecisas dos carregamentos;
• Traço do concreto prescritas de forma errônea;
•Considerações quanto a classe de agressividade ambiental inadequada e ineficaz;
B. Patologias Decorrentes de Erros de Execução
Durante a execução, podem ocorrer inúmeros erros resultantes em particular pela carência de treinamentos que qualificam a mão-de-obra, além de condições precárias de trabalho. Caso não seja notado e sem a aplicação de medidas corretivas prontamente, expõe-se a estrutura da edificação a falhas que podem prejudicar o desempenho futuro. Segundo Olivari (2003, p. 7) as falhas mais cometidas nesta etapa são:
• Ausência de gestão tecnológica;
• Utilização inapropriada das fôrmas;
• Emprego de concreto fora das especificações;
• Conexões mal posicionadas;
• Ausência de espaçadores adequados conforme prescrito em projeto;
• Separação do concreto no processo de lançamento;
• Cura inadequada;
• Ausência de controle de qualidade na execução do traço do concreto;
• Não fiscalizar;
C. Patologias por Erros na Utilização da Edificação
Após a ocupação, o imóvel permanece exposto a vários agentes nocivos e agressivos, como movimentações, na absorção da umidade do ar por ausência de impermeabilização ou impermeabilização mal executada, falhas nos sistemas hidráulico e sanitário, recalques diferenciais onde uma parte da obra rebaixa mais que a outra gerando esforços estruturais não previstos, que resultam em danos à estrutura implicando de forma danosa ao desempenho e a segurança da mesma. De acordo com Olivari (2003, p. 7) o episódio de falhas nesta etapa ocorrem geralmente por:
• Omissão de roteiro de manutenção apropriado;
• Contrapeso não considerado no projeto;
• Deterioração de elementos estruturais;
• Corrosão eletroquímica ou química, carbonatação;
• Desgaste corrosivo por abrasão;
• Patologias de agentes hostis;
• Movimentação do solo gerando recalques;
A maior parte dos distúrbios que podem se abater sobre uma edificação no período pós ocupacional geram sinais visíveis que conforme suas propriedades possibilita identificar qual foi o agente causador do dano (OLIVARI, 2003, p. 8). Assim Olivari, elenca os principais sinais gerados por problemas patológicos:
• Trincas, fissuras em elementos estruturais e alvenarias;
• Esmagadura do concreto;
• Fragmentação do concreto;
• Quebra do concreto;
• Alterações químicas decorrentes das chuvas, carbonatação;
• Desgaste da armadura;
• Deslocamentos de revestimento exteriores, trincas e manchas;
D. Tipos de Fissuras e suas Classificações
Conforme Thomaz (1989) e Duarte (1998), podemos classificar as fissuras em paredes de alvenaria conforme sua atividade e outros critérios. Rachaduras, fissuras e trincas são exteriorizações patológicas motivadas em geral em materiais frágeis como cerâmicas e concreto devido a tensão de tração. Decorrem nos casos onde são exigidos dos materiais um esforço superior a sua característica resistência, culminando em aberturas devido a falhas (OLIVEIRA, 2012, p. 9). Fissuras podem ser classificadas conforme sua atividade, em passivas ou ativas. Segundo Duarte (1998) fissuras passivas são aquelas que não apresentam variabilidade, consideradas estabilizadas tendo em vista, que não demonstram variações consideráveis ao longo do tempo, conforme Figura 1:
As fissuras ativas por outro lado sofrem mudanças em espessura conforme a proporção do estado que as obriga a se alterar, reagindo como juntas induzidas pela estrutura. Alterações térmicas sazonais ou diárias, acarretam mudanças dimensionais nas peças da edificação, tais movimentos de dilatação e contração são limitados por inúmeras junções que circundam os materiais constituindo tensões que ocasionam fissuras, que possuem variabilidade em sua espessura conforme o nível de temperatura. Estas podem sofrer também variação linear resultantes de recalques de fundações.
III. COMO SE FORMAM FISSURAS EM PAREDES DE ALVENARIA ESTRUTURAL
Na alvenaria estrutural as lajes de concreto armado se encontram sustentadas diretamente nas paredes, com exceção das que desempenham função de cobertura. A variação de temperatura destas lajes produzem movimentos de retração e de contração que podem resultar no surgimento de fissuras nas paredes. Nestas circunstâncias é preciso fazer uso de suportes intermediários com materiais apropriados, como o neoprene por exemplo, que concede a deformidade livre da laje.
O surgimento de patologias pode ser ocasionado por quaisquer elementos ao entorno da edificação, de maneira ocasional ou permanente, afetando muitos elementos de uma edificação. De acordo com Thomaz (1989) as fissuras em paredes de alvenaria estrutural são mais comunmentes formadas pelos seguintes mecanismos:
• Sobrepeso de carregamento de opressão;
• Inconstância térmica;
• Locomoção higroscópica;
• Reações químicas.
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Autor: Gilvano de Almeida Pinheiro Engenheiro Civil, especialista em estruturas
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