Editorial

EDITORIAL: A política do pão e circo está firme e forte na região!

Não há diferença entre apoiar política do pão e circo e ser burro de carga do governo da sua cidade. 

Vamos explicar essa afirmação de forma didática. Prestem atenção...

Na política o termo “política do pão e circo”, originado do latim “panem et circenses”, ficou conhecido mundialmente ainda na era medieval. Era o modo com o qual os governantes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio através do fornecimento de alimentos e eventos de divertimento no Coliseu de Roma.

Séculos à frente, o governo de Itaporanga, se utiliza desta política populista. Ao menos o divertimento na gestão do atual prefeito parece estar garantido, mesmo que isso custe a saúde do povo. 

Apesar dos indicadores sociais e gastos efetuados pela gestão demonstrarem claramente a falta de planejamento e foco nas áreas mais essenciais para o município, o prefeito resolveu, com muito apoio popular, como se fosse um imperador romano, priorizar o marketing pessoal apostando com força no divertimento momentâneo do povo.

A festa de virada de ano novo, que chamam aqui no sotaque nosso interior de "revião", fez muito sucesso em Itaporanga. Sem dúvida o prefeito apostou na alegria do povo carente de festejos depois de meses de pandemia trancados em casa. Acertou na receita, mas o resultado nas próximas semanas pode não ser o que ele previa.

O aumento de casos de covid, logo após o Natal, em muitos municípios da região, fez por exemplo o prefeito de Itapeva agir de forma prudente em relação aos fatos, apenas ter pisado no calo na festa de Natal com aglomeração e falta de uso de máscara. Porém em Itapeva houve o cancelamento da festa de ano novo. O prefeito tomou uma decisão consciente desta vez e deixou alguns secretários bravos com a decisão. Quem queria festa ficou na certa chateado, mas não desapontado. A não ser que seja uma pessoa desprovida de bom senso e empatia com a saúde alheia, ante o risco potencial de fazer crescer os índices de covid na cidade.

Ao avaliar que os casos de covid poderiam aumentar e ficar fora de controle na cidade, interferindo mais uma vez negativamente na rotina de atendimento dos serviços de saúde e comércio da cidade nas próximas semanas, o cancelamento foi uma decisão para não sacrificar o bem estar e rotina da população a longo prazo. 

Outros prefeitos da região seguiram o mesmo caminho, mas outros não. 

Os prefeitos mais esclarecidos em relação ao momento, considerando ser mais justo e prudente sacrificar um dia de festa, para garantir a saúde da população no longo prazo, tomaram a decisão de cancelamento de atividades festivas de ano novo, ou reduziram ao mínimo necessário sem desperdiçar dinheiro público. Alguns municípios já sinalizam que o carnaval também poderá ser adiado se o quadro de contágio não mudar ou se agravar, ou para promover práticas de austeridade de recursos próprios.

Quando um prefeito tem coragem de dar a cara a tapa, retrocedendo em uma decisão, para tomar outra mais acertada perante os fatos, isso com certeza contraria muita gente. Principalmente contraria inconsequentes do secretariado e assessoria, que apostam no populismo da festança para tentar alavancar a imagem e prestígio do prefeito, promovendo festas em momentos inapropriados. Quando isso acontece sabemos que estamos diante de vendedores de ilusões. 

Quando qualquer prefeito aposta na criação de falsas expectativas apenas para causar uma ligeira sensação de bem estar momentâneo para povo, não estamos diante de um governante sensato, mas sim de mais um promotor de pão e circo.  

O prefeito não pode se render aos confetes dos bajuladores de carteirinha na tomada de decisões. Menos ainda ao clamor do povo que se contenta com um pouco de festa, sendo que a alegria é passageira, durando uma noite ou uma semana nessas ocasiões.  

Quando a cidade não tem médicos suficientes nos postos de saúde, quando o desemprego é causa de desânimo na população, quando o preço alto dos alimentos e gás afeta a vida do assalariado, até mesmo quando as escolas ainda sofrem os efeitos dos atrasos do ano letivo por causa da pandemia, é hora de cada prefeito pensar em prioridades e enfrentar esses problemas, sem criar falsas expectativas na população.

Uma das principais reclamações do povo nas cidades do interior é não ter condições de fazer tratamento de saúde de forma mais adequada na própria cidade, seja por carência de médicos, de unidades de saúde básica e hospitais. Outro gargalo de problemas para cidades do interior é ter índices de educação irrisórios, pois a rede pública municipal de ensino é defasada, acarretando em déficits educacionais que afetam a vida de centenas de crianças, jovens e adultos. Qualquer pessoa no seu juízo prefeito reconhece que festa alguma, por melhor que seja, não soluciona esses problemas.    

O índice de desemprego nos municípios também aumentou de forma alarmante nos últimos anos, como revelam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), havendo um saldo negativo de vagas de emprego nos primeiros de 10 meses do ano de 2018 em muitas cidades da região. Até hoje os efeitos desse ano negativo são sentidos. Mais uma vez, nenhuma festança resolve esse tipo de problema. Ou você acredita ingenuamente que uma semana de festejos ou um dia de shows irá resolver os problemas da sua cidade?

Isso demonstra como a estratégia de amenizar a realidade com grandes eventos em datas festivas não passa de mais um artifício de marketing político na maioria dos casos, não sendo nem de longe uma política pública efetiva cultura, turismo, de geração de emprego e vendas para o comércio, como muitos demagogos querem fazer crer.   

Não se trata de ser contrário ou tentar abolir os eventos em datas festivas com patrocínio de dinheiro público. O ponto aqui se trata sobre dosar ações políticas por parte dos governos municipais para reverter quadro críticos, criando, por exemplo, um agrupamento de ações específicas para o município proporcionar políticas públicas que causem efeitos positivos permanentes para a população em geral.

Em muitas cidades da nossa região, quem caminha pelas cidades se depara com o abandono das praças públicas, ruas sem pavimentação e saneamento básico, lixo espalhado pelas vias urbanas, bairros sem rede de iluminação pública e até sem água limpa nas moradias para consumo doméstico. Notoriamente isso gera reprovação na forma em gerir as receitas do município estampada nos rostos dos cidadãos dos municípios. Mais uma vez: Nenhuma festa do arromba resolve esse problema. 
Se a intenção é fazer festas e eventos recorrentes para esconder todo esse cenário caótico em que vivem os municípios, a gestão aplica a política do pão e circo, buscando maquiar a realidade para passar à população uma sensação de ações efetivas, mas que verdadeiramente não ocorrem. 

Traduzindo: Isso é enganar o povo e desviar o foco do que realmente interessa na vida da cidade. 

Propagandas espalhadas por toda a cidade e nos meios de comunicação são viabilizadas com recursos públicos para promover festas e eventos todos os anos. Os gastos com locação de equipamentos, cachês de shows, assim como a prática personalista colocar o prefeito, vereadores, deputados e secretários como garotos propaganda de festividades municipais não passam de artifícios de marketing político e promoção pessoal. Na prática, na vida do cidadão que está desempregado, com fome, com sede, passando por problemas graves de saúde, o que isso muda? Nada. 

Há consenso que os recursos destinados para atividades de eventos em datas festivas são excessivos. Em Itapeva, os gastos com o Natal foram elevados, sendo questionados por grande parte da população. Mas até o momento nenhuma prestação de contas anual, com a devida transparência, foi feita para realmente sabermos onde cada centavo de imposto foi revertido em benefício da população em ações de saúde, educação, transportes e outros serviços públicos. Nenhum vereador, seja de que cidade for, sequer fiscaliza isso, pois sabe que não como desvendar a caixa preta de gastos inexplicáveis autorizados com extravagâncias desse tipo. 

Ao contrário do período eleitoral, onde o discurso do político preza por enaltecer os princípios da administração pública para ganhar o voto, aqui no final do ano de 2021, o que vimos foi o político eleito na eleição anterior ser astuto. Foi muito astuto, pois deu preferência para destacar a promoção da festa natalina ou de ano novo, passando distante do dever de prestar contas do que foi feito com dinheiro do povo que deve ser usado para o povo, até mesmo quando se trata gastos com decoração natalina e festas de ano novo. Perceberam isso na sua cidade? Claro que sim!

A parcela da população mais consciente sabe que cada centavo que sai do seu bolso por meio de impostos e taxas deve resultar em serviços públicos mais amplos e qualificados. Essa parte da sociedade em cada cidade reclama com razão, pois sabe que tem o direito de ser informado(a) sobre o dinheiro empregado nos eventos festivos e serviços públicos. Essa parcela de cidadãos sabe ainda que esse dinheiro poderia estar sendo investido em ações prioritárias de ampliação e melhoria dos serviços básicos da cidade.

Mas como a outra parte da população prefere o pão e circo, mesmo que isso lhe custe quatro, cinco ou até seis meses de trabalho para pagar impostos e taxas para o governo, é essa parcela do povo que o prefeito do pão e circo quer agradar sempre contando com seu apoio nas urnas.

Pois é justamente a turma festeira, que são coincidentemente os burros de carga dos governos, mesmo que isso lhes custem a falta de tratamento de saúde, de educação de melhor qualidade e qualquer outro serviço bancado por impostos, pois o que importa é a sensação de felicidade causada pela festinha promovida pela prefeitura a cada ano.

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